Antes de falarmos em ciclo zoonótico e sua importância é necessário que você entenda como funciona a natureza.
Na natureza tudo está em perfeito equilíbrio, existem benefícios mútuos ocorrendo naturalmente: se uma folha cai ao solo você pode ter certeza que algum outro ser vivo irá se beneficiar dessa queda. Milhões de espécies são beneficiadas. Mas para que esse equilíbrio benéfico ocorra é necessário uma coisa, na verdade, a ausência dela: a presença do ser humano.
Sabemos que a presença humana em espaços selvagens podem levar muitos prejuízos para aquele nicho ecológico, desde a marca registada da humanidade quando visita lugares novos afinal de contas quando fomos a lua deixamos lixo lá (sim, por mais vergonhoso que seja a marca registrada do ser humano é sua produção de lixo; quer saber se a humanidade foi para algum lugar, procure lixo), até prejuízos mais graves.
O que você acha que tem nesse saco? Fonte: NASA
Quando o ser humano foi a lua deixou uma lembrancinha lá, vários sacos de excremento humano como urina, vômito e fezes. Agora, mais de meio século depois, a NASA pretende buscar os sacos de excremento de volta para saber o que aconteceu, afinal de contas mais de 50% da massa das fezes são bactérias.
Embora a NASA tenha uma boa justificativa para, literalmente, ter deixado fezes no espaço (afinal de contas saber como a radiação cósmica age sobre organismos vivos em condições adversas às da Terra é muito importante para a exploração espacial), na maioria das vezes o ser humano não encontra justificativas suficientes para maltratar o meio ambiente. Como é o caso dos ciclos zoonóticos.
A Amazônia, a maior floresta tropical do mundo, possui uma biodiversidade imensa, e no meio de toda essa biodiversidade existe um ser que pode ou não ser vivo (ainda existem discussões) o vírus. E sim, existem milhares de vírus na floresta amazônica, porém não apenas na floresta amazônica, mas em todas as áreas verdes de preservação do planeta Terra.
Mas porque esses vírus não se tornam um problema? A resposta para essa pergunta é muito simples, não existe interferência humana!
Ora, vamos supor que um vírus infecte um animal qualquer, mas que este animal faça parte da cadeia alimentar de um predador. Quando o predador se alimenta do animal infectado ele [o predador] se infecta automaticamente. O vírus pode se multiplicar dentro da célula do predador até o ponto de explodir a célula e ir direto pela corrente sanguínea, mas sabe o que acontece? Nada! O vírus pode sair pela urina ou fezes, e no fim das contas pode o vírus se extinguir sem nunca infectar outro animal.
Mas quando o ser humano começa a degradar o ambiente, seja no desmatamento para pasto, plantio ou para moradia o vírus pode sofrer mutações para atacar o ser humano, causando novas doenças.
Para se ter uma noção, que tipo de doença cardiorrespiratória pode ser disseminada através de vírus proveniente de roedores silvestres? O hantavírus!
Mas você deve estar se perguntando: o que isso tem a ver com ciclo zoonótico?
Bem, o hantavírus é um vírus que infecta roedores silvestres, um exemplo desse tipo de roedores podemos citar os do gênero Necromys. O vírus pode infectar esse roedor e nunca apresentar doença. Porém, os roedores podem eliminar o vírus por meio de saliva, urina, fezes; quando o ser humano entra em contato com roedores desse tipo invadindo seu habitat causa a quebra da barreira zoonótica que é quando o vírus, antes inofensivo, passa a infectar seres humanos.
Roedor do gênero: Necromys. Fonte: Biofaces
O cenário é o seguinte: o ser humano degrada uma certa área para o cultivo de cana de açúcar; os roedores silvestres entendem essa plantação como seu novo lar e começam a se multiplicar (mais ou menos como um êxodo, animais antes silvestres passam a conviver com humanos, sobrevivendo mais especificamente do lixo produzido pelos humanos); muitos roedores são portadores do vírus do hantavírus e podem eliminar o vírus como já fora supracitado. Agora, imagine as condições em que os cortadores de cana trabalham e interagem com equipamentos, alimentos, vestimentas que podem ter sido infectadas por urina ou saliva dos roedores e com isso ocorre a quebra da barreira zoonótica e o surgimento de uma nova doença.
A quebra do ciclo zoonótico possui muitos outros fatores como aumento populacional, produção de lixo, diminuição de habitat selvagem.
Então cabe a nós a conscientização sobre a destruição de espaços selvagens e o aparecimento de novas doenças, é preciso entender que a culpa é nossa!
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